tentou um dia falar todas as suas verdades e se dissolveu. liberou-as todas de uma vez, assim de impulso, sem nem um pensamento que ao menos lhe chegasse antes. não economizou, não se assustou, não chorou. ficou só e só foi ficando e também transparente. até já tinha imaginado, por via das dúvidas, que isso pudesse acontecer, mas soube pelo correio que nada, nem ninguém a deteria, ao menos não naquele exato instante, o que tornava a questão um simples ato de fazer o que talvez fizesse com que tudo, finalmente, enfim, fosse feito. afinal, eram verdades que não pertenciam a todos, mas algumas sempre estiveram lá e sobre isso não havia o menor sinal de dúvida. à essa altura, já sabia também, que pra ser executado, o movimento deveria ser radical, feito de um só gesto, sem hesitação, nem medo. pensava muito em libertar as verdades, ao menos as suas, do peso inexplicável de explicar o mundo. isso feito, o mundo seria finalmente sem explicação ou, na pior das hipóteses, as verdades não preci...