Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2008
quantas vezes por dia você usa a palavra comprar? e o que isso tem a ver com a crise econômica e com o fato do mundo inteiro estar se mobilizando - de uma maneira nunca vista em relação à nenhum outro tipo de problema - e despejando um mar de dinheiro nos mercados com o firme propósito de manter tudo exatamente como sempre foi?
o que te ofereceram foi o poder e você quis e você nega porque tem vergonha de dizer que adora poder e procura ele que nem um viciado em cocaína e você tem nojo de quem cheira cocaína mas você já não consegue mais viver sem poder e aí você cheira a perfume caro e gente come gente já faz muitos anos
Me lembro, numa idade da qual não tenho lembrança, deste minúsculo fato, tão corriqueiro, tão usual. Eu também era pequena, ou me sentia assim, e fui brincar na casa da melhor amiga. Melhor era ser muito bom, mas pra melhor sempre tinha também muita expectativa. A mãe da melhor era professora, brava, exigente, elegante, tipo de pessoa que mete medo e ao mesmo tempo trai. Naquele dia, ela preparava enfeites pra uma festa e nos chamou pra ajudar. A tarefa era específica: pintar uns coelhinhos de papel, vários deles, que decorariam doces e brindes. Havia padrões de cores e contornos pra seguir, mas naquele momento, por alguma razão que me era desconhecida, isso não me pareceu importante. Mergulhei na tarefa livre e sem medo. Finalizado o projeto não me contenho de ansiedade, confiro o coelho da amiga e a ficha cai. Cheia de respeito, admiro sua caprichada habilidade de copiar. Tenho um lampejo de pensar que o pensamento de estar fazendo diferente me passou pela cabeça, mas seguiu adiante.
se sou andarilha é porque me ocorrem coisas enquanto ando. você já viu crianças com guarda-chuva, crianças de até meio metro? talvez não muito, porque pra elas o guarda chuva não tem função. e quando eventualmente alguém insiste em ensinar a elas como andar segurando um mini toldo em cima, ao invés de deixá-las receberem gotas do céu ou ao menos botar uma capinha poxa vida, elas mal conseguem andar. guarda-chuva é só um objeto de adulto. sempre me angustia também a quantidade de pessoas no mundo - todas únicas, com suas histórias únicas - e o fato de que sei tão pouco sobre elas. e é tanta vida e tantas coisas que passam por elas e quando sou eu que passo pelas pessoas eu tento desesperadamente encontrar seu olho e captar tudo que cabe nele e aí a pessoa já passou e nem me viu e eu talvez nunca mais a veja, e eu não sei nada sobre ela nem ela sobre mim, mas sei claramente que ela é tão importante quanto eu e todos nós, mas é sempre muita gente e por isso a gente não vê. desejava qu