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Mostrando postagens de novembro, 2017
eu olho assim e penso, meus deuses, todas as pessoas do universo inteiro estão absolutamente cheias de ternura, nem que seja laaaaaaá no fundo do buraco que tamparam com um monte de coisa tipo dinheiro viagem culpa roupa comida ilusão jóia teimosia loucura carro vício status doença dependência julgamento beleza glamour títulos risadas rosquinhas avestruzes etc. cada um com seu buraco. mas buracão bom é buracão tampado, diz a cartilha que o pessoal do laboratório que tira pressão de velhinhos e hipocondríacos na calçada em frente à disney, ops, digo farmácia, distribui. toma remédio, bem. vai te fazer bem. vai ter fazer sincero, calmo, feliz! hoje tinha fila lá. também fico pensando o que aconteceu, quando aconteceu e quanto tempo demorou pra acontecer desse buraco ficar tão cheio que o pessoal esqueceu da ternura, sufocada lá embaixo. fica muito mais fácil ver ternura na fotografia. hoje em dia pelo menos. porque o pessoal também tá com o hábito de esconder a ternura. sei não o por qu
todo mundo sempre acaba precisando de um café. todo mundo sempre precisa de alguma coisa. there are clouds in my coffee. tem nuvens no meu dia e todo mundo precisa de alguma coisa. todo mundo precisa da nuvem e do café que acontece à tardinha. como cerveja, brócolis, abobrinha e coentro. coisas que acontecem. o amaro. o negro. o cheiro. a memória. do aroma que subia do quintal do vizinho que torrava café perto da casa da vó. hortênsia chuva maresia refogado. mistério quintal. café conforto. amargo regresso. matriz, raiz, nariz. sinto falta do que não posso. do que não vejo. desejar e beber. desejar e comer. desejar e fazer. não. não pode. a falta e o limite. danço com eles. e mesmo assim me falta esse café. me falta a fada. quando me falta também te descubro. tiro um véu ou meia dúzia deles. no lugar do café, um chá. no lugar da birita, uma conversa. no lugar do alface, o brócolis. no lugar do amor, não tem o que substitui o amor. também não tem o que substitui você. num lugar sempre
lembrei que já fui uma abelha americana aos 8 ou 9 anos, mais ou menos. hello, my name is bumble bee. num curso de inglês que minha mãe inventou pra crianças menores que eu, ainda não alfabetizadas. eu era alfabetizada numa língua muito minha e sabia falar inglês fluente porque morei nos estados unidos da américa dos 5 aos 7, enquanto meu pai ia pra escola universidade dele, um lugar que não tinha hora do recreio, e eu andava portando um casaco com detalhes de pele sintética de raposa no pescoço e uma coroa de princesa que tenho até hoje. antes de me transformar em bumble bee, vestia meu traje abelha preto e amarelo, deixava minha mãe me maquiar, contava até dez e entrava em cena. a aula passava como eu: voando, brincando e falando inglês com as crianças. que não entendiam nada de inglês, mas gostavam de brincar com a abelha e em seus próprios dialetos, um pra cada uma, aos poucos iam entendendo alguma coisa daquela vida falada em estranho. nunca produzi mel, gravei fita didática em es
fui a pé pra desfazer o bug. acordei me sentindo meio estranha, aérea. tô claramente trocando de pele, mas ninguém nota. os humanos não percebem outros humanos trocando de pele, mas reparam quando um humano não troca de roupa. por isso também fui com a mesma roupa. tenho amigos que às vezes não trocam de roupa e eu gosto disso. mas eu nunca tinha notado. só, por hoje.
não escrevi nada estive em lugar algum diferente  comum, conhecido, intuído, imaginado um não lugar o desconhecido um não como o lugar da partícula que dizem ser ignorada um só como não? estou agora a imaginar onde mesmo eu nunca estive a esmo. estiva. estima.