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Mostrando postagens de junho, 2009
tentou um dia falar todas as suas verdades e se dissolveu. liberou-as todas de uma vez, assim de impulso, sem nem um pensamento que ao menos lhe chegasse antes. não economizou, não se assustou, não chorou. ficou só e só foi ficando e também transparente. até já tinha imaginado, por via das dúvidas, que isso pudesse acontecer, mas soube pelo correio que nada, nem ninguém a deteria, ao menos não naquele exato instante, o que tornava a questão um simples ato de fazer o que talvez fizesse com que tudo, finalmente, enfim, fosse feito. afinal, eram verdades que não pertenciam a todos, mas algumas sempre estiveram lá e sobre isso não havia o menor sinal de dúvida. à essa altura, já sabia também, que pra ser executado, o movimento deveria ser radical, feito de um só gesto, sem hesitação, nem medo. pensava muito em libertar as verdades, ao menos as suas, do peso inexplicável de explicar o mundo. isso feito, o mundo seria finalmente sem explicação ou, na pior das hipóteses, as verdades não preci
deveria ser permitido gritar bem alto quando você atravessasse esquinas e sentisse dor. faz bem uns dez anos que não nos vemos. de lá pra cá estive com você muitas vezes. outra coisa que fiz foi usar as ferramentas que me deu, não necessariamente na ordem dos aniversários, mas usei todas elas a ponto de conseguir construir novas. totalmente originais. talvez você não reconheça algumas, mas elas são certamente suas e algumas já são até minhas também. teve um momento em que me mudei pro presente. não sei se te avisei, não deixei endereço. isso porque não teve jeito e, por mais que tentasse, não consegui me livrar do imutável metro cúbico que meu corpo ocupava. insistia muito em ocupar. não importa o que eu fizesse, não importa pra onde eu fosse, debaixo do meu pé sempre tinha chão. e isso significava que você existia. mesmo que outra pessoa não quisesse. mesmo que outra pessoa não gostasse. era melhor então que se fizesse alguma coisa. um homem gritou: quem são vocês? os loucos que enter
fissuras, rachaduras e cicatrizes fotografadas por uma câmera vaga I. o medo te reverencia e exige que seja só dele. de medo se faz guerra, frustração, indiferença, solidão. e se você der sua matéria ao medo, não te resta nada a não ser, não fazer. e isso é morrer. duvidar talvez seja uma parte da fé escolher o que duvidar talvez seja escolher no que acreditar cuidar faz coisas ficarem vivas