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Mostrando postagens de setembro, 2006
In gold they trust Você não é você querido. Você é um consumidor.
As pequenas coisas Dia desses ganhei um presente. Teo chegou em casa e me disse: "O Daniel mandou entregar pra comadre". Eram três tirinhas de papel meio rosa, coladas e com o nome Papier D’Arménie . O que é isso, perguntei. É um tipo de incenso, francês, que Daniel pediu pra um amigo trazer de lá. Vende em Farmácias. Farmácias? Não seria em tabacarias? Não, farmácias. Cheirei o papel. Objeto delicado e diferente. Demonstração: você dobra a tirinha, feito uma sanfona, queima a pontinha e deixa num cinzeiro qualquer. Um cheiro de França. Que diabos seria isso? Não sei descrever, mas é. Uma coisa meio bistrô, café, tabaco, vinho tinto e história. Imagens e sensações que a gente guarda, mas não sabe exatamente da onde vem. Lugares que ainda não habitamos. Túnel do tempo, passagem secreta pra imaginações contidas. Guardei um papelzinho no meu caderno de anotações. Acesso imediato a um pequeno prazer. O mundo das pequenas coisas. Parece que a vida é feita delas. A vida que pretend
Do Caulos , amigo das palavras e passarinho nada prático Pro Caulos , citando James Lord em Um retrato de Giacometti: "Alberto (Giacometti) é antes de tudo, para mim, um amigo por quem tenho grande afeição e estima. Mas é também um grande artista. Às vezes é difícil levar em conta ao mesmo tempo os dois homens. No entanto, eles existem simultaneamente e é preciso render justiça tanto quanto possível a ambos". Se eu tivesse talento faria um belo poema. Usando as palavras do passarinho: crianças são a única coisa interessante no mundo, além das artes verdadeiras. As artes ganham, porque continuam crianças. Ele ganha porque é artista, é verdadeiro e continua criança. Sempre. Do grande artista Caulos, uma homenagem ao grande artista Wilson Grey. Sobre o Wilson: m ais conhecido l á em cima como Wilson the White, antes de ser ator foi garçom, camelô, barbeiro, bicheiro, cientista, capanga, vampiro, caubói, motorista de praça. Tipo franzino, sempre de cabelos gomalinados, o típi
Um tributo ao Dylan ou as várias formas de comunicação, seus níveis loucos e a lemniscata. Aos domingos podem acontecer coisas especiais. Segundo o avô do Teo (um tributo a ele também), as coisas boas acontecem em dias de chuva. De manhã, ainda com No Direction Home do Scorsese na retina, lavando louça e cantarolando uma parada, peço pro Teo colocar Like a Rolling Stone . Ele já tinha baixado a letra e as cifras porque combinamos minha primeira aula de violão pra hoje e era bem oportuno. Na dúvida entre o CD e o DVD, escolhemos o primeiro porque no DVD a música ficaria pela metade, graças a um recurso do cinema chamado montagem. OK. Aumenta o som e nós dois cantando bem alto às 10h30 da manhã. O vizinho gosta de coisas parecidas, então não há de ser nada. De vez em quando rola até de aumentar o volume pra decidir entre Marley e Led. How does it feel. How does it feel. To be without a home. Like a complete unknown. Like a rolling stone? Foi isso e todas as outras partes dificílimas de
O apelo da arte e a rudeza das pessoas que não conseguem mais sentir. Já queria ter postado isso antes. Aconteceu domingo. Último dia da exposição de Anish Kapoor. Anúncio no jornal, recorde de público, flanelinhas na porta do CCBB. Eu já tinha ido, mas fui de novo. Sabia uma parte do que me esperava, mas não a coisa toda. Muita gente pra começar. Gente não seria o problema, considerando-se o esperado poder de sedução e mobilização da mídia, aliado a um pensamento otimista de que as pessoas estão se interessando mais por arte. Tolinha... Foi justamente das gentes que surgiu essa observação de abismo. Falavam alto. Eram invisíveis, com exceção de si mesmos, porque se posicionavam perante as obras como se não houvesse amanhã ou alguém do lado, ou alguém atrás. Colocavam os assuntos em dia em qualquer lugar, inclusive na saída - já pequena - de cada sala. Faziam questão de soltar suas crianças que, sem orientação ou limite, brincavam com uma peça de arte polida durante nove meses, deixand
A lucidez que se alcança ao ser excluído de um mundo do qual você não quer fazer parte. Huguinho says: (2:01:21 PM) Gasta gaston, a poesia tá te esperando meu amigo. Luizinho says: (2:01:50 PM) Tô indo. Luizinho says: (2:01:55 PM) O Zé Mané me demitiu. Huguinho says: (2:02:39 PM) Citando nossa amiga Margarida: "que ótimo Luizinho, assim você não tem mais que se relacionar com esse tipo de gente!" Luizinho says: (2:04:09 PM) Isso. Luizinho says: (2:04:15 PM) Fiquei feliz a beça. Huguinho says: (2:04:28 PM) Got to walk, don't look back, por mais que doa. Huguinho says: (2:04:46 PM) Isso foi hoje? Luizinho says: (2:05:15 PM) Foi. Huguinho says: (2:05:25 PM) Tô achando que o Zé Mané, apesar de tudo, desse país e desse mundo ser um mundo de coroar imbecis, talvez ele consiga morrer antes da largada, por problemas de ego... Luizinho says: (2:06:05 PM) Incrível. Luizinho says: (2:06:11 PM) Eu nem preciso te dizer. Huguinho says: (2:06:12 PM) Então vem meu caro. Luizinho says: (
A liberdade da desesperança. Porque é a única possível. Porque esperança não existe. Só mesmo o bichinho verde. E deviam mudar o nome dele. Quem espera não alcança nada amigo. Esperança então seria uma baixinha sentada na frente de uma mangueira, esperando uma manga amadurecer e cair porque ela não alcança a fruta. Quando a manga amadurece e cai, a baixinha está dormindo exausta. Sobe na porra desta árvore e pega a manga ou então senta aí e espera a próxima estação! Você que escolhe.
Os estudos que levaram à descoberta de Robilou Manteiga foram conduzidos por Caíto Mainier, conhecido expedicionário, pesquisador da ética e descobridor de coisas novas. O texto abaixo, assim como a imagem de Robilou são de sua autoria, após sinistras observações da realidade. Por ser muito ético, Caíto reluta em divulgar essas informações com medo do extermínio de Robilous. Mas conseguimos convencer um colaborador de Mainier a nos fornecer este material. Não foi fácil, mas aí está. Nossos propósitos são autênticos e incluem a transmutação das incoerências. Observe, talvez você já tenha entrado em contato com uma dessas criaturas. E parece que existem outras. Abaixo a transcrição do relato de Caíto, realizado durante trabalho de campo. Robilou Manteiga Bichos Novos Você sabe tudo sobre o planeta? Não, não sabe e sabe que não sabe. Então aceita a possibilidade da existência de bichos novos. Os bichos novos são bichos, novos, que surgiram agora, ou que já estavam aí, mas
É uma ponte que trai. Uma guimba que cai. Cinco vezes três, quinze. A curva se faz. Ao fundo aponte, o navio, o túnel. Na frente o número, o dominó, o mundo.
E é o dia 07 de junho de 2006. Então esse dia já começa. E é só noite. Um bando de malucos, dos mais saudáveis que conheço, se reúne. E eu aqui a começar alguma coisa que nem conheço. Recomeço. Coragem. Às vezes parece que não faz a menor diferença, mas que diferença há de se fazer. Conhecer. Tá esquisito escrever. Faltam is. Li e gostei. Deve ser assim. Escrever. Alguém já flagrou isso? Eu em mim mesma? Igual. É o sinal que o teclado estendeu. Vozes vêm da sala. Que conforto ver o pensamento. Nublados lembranças. É no masculino que se diz, embora ser do feminino. Tudo ao mesmo tempo agora. Balela, traquitana irresistível, audácia da filombeta. Fui. Criança. Sou. Embora. Não saiba. Quem. Tesão da discrepância. O discernimento. Incrível e sozinho. Falta da mesma mente. Entende. Sua mãe não lhe disse. A que vim. Afinal. Barriga de história. Nula presença. Louca crispada. Enfim. Dura e realidade. Linda em que se vê. Nula em que se sente. Veste a força motriz. Explode cuspida, densa na tu
Short cut para shut down ou uma coleção de coisas. Meus vícios me anunciam. O vício é onde o desejo está. Sobre a violência e a arte: "os tempos exigem isso e a gente agradece." Sobre os publicitários: "neguinho simplesmente ignora o resto da humanidade?" On time and sober. Não se pode viver dentro da civilização e fora da arte. ( não sei de quem é ) Da Cecília Meirelles: Tudo começa de novo quando se acaba. Outra da Cecília: Não sou alegre nem sou triste. Sou poeta. A dúvida é o preço da pureza. É inútil ter certeza. ( também não sei de quem é) A culpa é minha e eu coloco em quem eu quiser. ( Homer Simpson ) Quem tem medo de incomodar não deveria ter vindo ao mundo. ( anônimo ) A única coisa que eu não fiz ainda foi acreditar na única coisa que eu sei fazer. A diversidade absoluta, terrível e linda. Qualquer rosto humano é uma reivindicação porque somos obrigados a entender a sua singularidade, a sua coragem e a sua solidão. ( Marilynne Robinson no romance "Gi
Ilusão às vezes é ótica.
Anette de Giacometti
Gôsto de besta e coca-cola. Cagando idéias digeridas na privada. Esconda, esconda seu lixo porque dele pode emergir uma flor com seu nome. Sublime. Coisas dançam, pulam dentro, rasgam paredes pra sair. Comer terra com os olhos. Lambuzar a bailarina com pão. Arrancar as calcinhas do papel. Botar a ponta na cal. Gozo de estupro. Dano moral dá prisão. Dano moral da prisão. Sinos retinam vítimas. Na aflição da margem o raso é profundo.