Que eu me permita fugir de qualquer coisa que se intitule vanguarda. Acrobatas futurísticos saltando sobre si mesmos em direção ao passado. Soldadinhos vigilantes do messiânico senhor “Novo”. Manufatura incansável de datas. Mesmice criativa escondida atrás de velhos hábitos. Ah, sim. Vanguarda. Do atraso. Servos obedientes das nomenclaturas vigentes. Casta de condenados à linha do tempo. Não há nada a frente. Mas dê um passo e você não está mais no mesmo lugar. Carcereiros do pensamento vivo, pulsante, que se projeta eterno e único. Intérpretes desajeitados da singularidade. Poetas da sua própria obsolescência. O carro novo, assim que sai da loja, perde 20% do seu valor de mercado. Existem camadas de histórias entranhadas na sua pele. Arte é. E só há o hoje pra criar.