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Às cartas e aos achados ou as várias infâncias

A vida me deu uma folga e estou aqui de volta. Eu e Teo acabamos de pegar nosso novo passaporte e meu trabalho pra Fundação está adiantado. Os outros que esperem. Lá na cidade passamos por um lugar que merece entrar na coleção dos preferidos. É o Paladino, você conhece? O Teo descobriu nas pesquisas de locação pro "Amigo da Onça" e me levou lá quando fomos entregar os documentos pro tal passaporte. Acho que já deu pra perceber que gosto de coisas antigas. É lindo lá. Remete a um Rio que quase não existe mais. Temos um amigo que diz que esta cidade deveria ter sido tombada lá pelos idos de 1950. Eu concordo. Seria mais bonita, com mais espaço, mais tempo. Eu adoro andar descobrindo novas paisagens. Tô pra ler "A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro" do Rubem Fonseca, por indicação do Teo que disse que por causa deste meu gosto eu deveria ler este conto. Foi uma citação sim. Eu te Gogliei na época que enviei as fotos. Procurei por você na rede, já que é um ser cibernético. Como te disse, não sabia como você era também. Gostaria de mudar isso, mas só depende de você. Podemos ver algum filme de uma de suas caixinhas maravilhosas ou visitar o Lamas numa tarde despretensiosa. O Cecil amava as coisas sem importância e eu também amo. Até escrevi sobre isso no blog falando de um presente simples que recebi outro dia, um Papier D'Arménie, você conhece? Hoje saiu uma entevista no Globo com o Alejandro Iñárritu - nome porreta né? - que gostei. Ele falou algumas coisas bem bacanas sobre a nacionalidade dos filmes, a pátria e a infância (tema recorrente entre nós): O que é que dá nacionalidade a um filme? É o diretor? É o ator? É quem produz? É a fonte financeira do trabalho? Tenho a impressão de que a nacionalidade de um filme é a sua. A linguagem é minha bandeira. E a linguagem vem da pátria. Chamo de pátria a infância. É na infância que formamos nossa subjetividade. Se puder dá uma lida na matéria. By the way, adorei seu texto sobre as mulheres. Uma homenagem linda. Você é um mulherengo que ama as mulheres no melhor sentido destas palavras. Com admiração e respeito, embora faça uma propagandinha marota de que é a Vanda quem mantém tudo sob controle. Grande mulher a Vanda. E grande homem você por lhe dar este crédito. As bobagens de pai são maravilhosas. Tenho um a quem amo e admiro muito e embora sejamos diferentes, ou eu tenha me tornado diferente como você disse, adoro as eventuais corujices. Ainda que tentemos ser seres independentes, continuamos sentindo falta de aprovação e reconhecimento. Quantos filhos você tem? Nosso papo às vezes é cabeça, mas xô aperreio, nossos papos sempre são bons, com ou sem cabeça. Como é a germania em oktober? Não é frio? Preciso saber destes detalhes porque talvez possa viajar mais leve do que estava imaginando. Viajar leve é importante.

Beijos,

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