Meu codinome é Dráuzio. Uso esse nome nas horas vagas, geralmente quando tô tentando ser. O mais engraçado é que não fui eu quem quis nem quem escolheu esse codinome. Na verdade ele me foi dado ou talvez imposto em circunstâncias totalmente inesperadas. Certo dia, entre amigos, após o trabalho, a caminho de um chopp, um telefone toca. “Oi amor, tudo bem? Aqui tudo bem também, acabamos a reunião agorinha mesmo e vamos comer uma pizza. Eu, Thiago, Maurício e Dráuzio. Tá, quando chegar em casa te ligo. Um beijo, te amo.” O fato é que o único que não estava lá era Dráuzio e eu não fui citada na lista do amigo, o que então significava que Dráuzio era eu. O carro ficou em silêncio e o grupo imerso na dúvida entre zoar o amigo ou fingir que ninguém tinha percebido o estranho detalhe. Aquele amigo não combinava com aquele texto, não parecia ele. É então que, neste exato interstício temporal, algo acontece, um vácuo, uma possibilidade escondida nas franjas da isenção. Bem, se eu não sou eu, eu ...