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vai todo mundo pra puta que pariu

sociedade industrial e brutal

rosto rosto rosto

sinal sinal sinal

carro carro carro

mendigo criança mulher paralelepípedo calçada frio

muito frio

frio

você quer cantar e ouve andar

você quer casar e ouve gritar

você quer ver e ouve crer

homens frigorífico

homens jornal

homens táxi

homens pão

homens não

homens lixo

eu lixo eu lixo eu lixo

superfície é lisa é rara é coxa

onde jogar todo esse lixo, onde, onde jogar?

vontade de gritar, abusar, lambuzar, transbordar, fumar

puta que pariu, me pariu, te pariu

nascemos todos

morremos também.

fui nas montanhas de goya em direção a você.

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preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...