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olho e vejo todos andando sobre seus fios de navalha

a maioria tem a face altiva e a postura incompatível com quem anda sobre uma lâmina,
como se ela não existisse


fico desconcertada com a minha e a incapacidade de ignorá-la

vejo também que a maioria sangra e quase sinto sua dor, na verdade me lembro da minha e do meu sangue gotejante, e quero que não doa pra ninguém ou que ao menos faça algum sentido

mas andar numa lâmina nunca foi coisa pra qual se desse sentido, só direção

resolvi, à força, transformar minha lâmina em fio e ver no que dá

o equilíbrio é uma coisa que se experimenta
uma deliciosa sensação de pender pra lá e pra cá até encontrar um lugar que seja seu e que não exclua o meu

dizem que este lugar sempre existe no intervalo entre lâminas e fios e é preciso voltar a buscá-lo e rir de seu próprio movimento que com capricho e treino se torna de fato uma dança

há graça na oscilação e a tentativa é o meio de conseguir

alguns, que já viram um horizonte sem balanço, relatam que talvez seja demasiado reto

já sabemos também que a melhor distância entre dois pontos nem sempre é

entre um oscilar e outro, você, e depois o outro e depois o encontro


Comentários

Anônimo disse…
delizei agora por seu fio, e delirei mesmo.

com desejo. uiuiuiu

delicia.

fui
Anônimo disse…
delizei agora por seu fio, e delirei mesmo.

com desejo. uiuiuiu

delicia.

fui
Anônimo disse…
delizei agora por seu fio, e delirei mesmo.

com desejo. uiuiuiu

delicia.

fui
"Monica Mamede" disse…
Sem palavras.

Lindo. Sensibilidade no fio.


Beijo grande

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preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
pra tudo quanto é lado é uma porrada de gente querendo ser compreendida ao mesmo tempo que não tá nem um pouco afim de gastar o tempo necessário pra compreender ninguém, nem mesmo alguém que se acha importante demais pra ser visto, percebido por você, que já tá de saco suficientemente cheio de não ser compreendido por ninguém e por isso precisa antes de mais nada que te compreendam e é isso aí e foda-se porque só aí, eu vou poder te olhar. ter tempo de te olhar. você aí seu babaca, pode olhar pra mim agora. a ordem da compreensão é minha. o mundo é cão. e vai te dizer: quem é você? aí você vai renascer. esquece o cara que tava falando com você. senta. respira. fuma até um cigarro. fuma dois. e vai perceber que a parada que mais quer evitar no mundo é a rigidez e o medo. o medo do caralho que enfeia as vidas, as veias e as pessoas. o medo que machuca muita gente de morte. quero um tombo bem dado e sangrante. que doa de viver. que machuque de tesão. ...