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luiza fazia extamente o que estava fazendo fazia tempo e por isso ninguém notava e porque também estavam sempre atrasados precisando se adiantar e sempre que adiantados precisando esperar alguma coisa que ainda precisa acontecer

menos luiza que fazia sempre o que estava fazendo e por isso ninguém a notava sempre ocupados sentindo sem parar sentindo sentindo sentindo ressentindo menos luiza que para eles perdia tempo espalhando o próprio tempo por tudo quanto é lugar porque não importa o que luiza fizesse, ela estava sempre e era sempre neste lugar e na cozinha, cozinhava ou lavava, ou comia ou sujava e na rua andava ou olhava, cumprimentava, admirava, comprava, respirava e no trabalho, trabalhava e na cama dormia, sonhava, bocejava, suspirava e suava e no banho molhava e na chuva dançava e no rio nadava e no sol esquentava e no amor amava porque para luiza lavar a louça leva exatamente o tempo de lavar louça e sempre que percebia estar um pescoço à frente ou um pescoço atrás luiza agia e da perspectiva em que estava olhava e via tudo o que via como via e pra tudo que via o quanto era bom e assim, só assim, luiza se recapturava sempre no mesmo exato instante porque o exoesqueleto de que era feita não combinava nem um pouco com o pouco à frente nem um pouco com o pouco atrás e quando lá estava luiza doía e por isso luiza parava e por isso luiza olhava

pra que tudo estivesse presente.

Comentários

Anônimo disse…
Lírico, tocante. Brinquemos sempre...
Anônimo disse…
Não canso de ler.

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preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
pra tudo quanto é lado é uma porrada de gente querendo ser compreendida ao mesmo tempo que não tá nem um pouco afim de gastar o tempo necessário pra compreender ninguém, nem mesmo alguém que se acha importante demais pra ser visto, percebido por você, que já tá de saco suficientemente cheio de não ser compreendido por ninguém e por isso precisa antes de mais nada que te compreendam e é isso aí e foda-se porque só aí, eu vou poder te olhar. ter tempo de te olhar. você aí seu babaca, pode olhar pra mim agora. a ordem da compreensão é minha. o mundo é cão. e vai te dizer: quem é você? aí você vai renascer. esquece o cara que tava falando com você. senta. respira. fuma até um cigarro. fuma dois. e vai perceber que a parada que mais quer evitar no mundo é a rigidez e o medo. o medo do caralho que enfeia as vidas, as veias e as pessoas. o medo que machuca muita gente de morte. quero um tombo bem dado e sangrante. que doa de viver. que machuque de tesão. ...