vejo o medo produzindo arrogância em doses vertiginosas, assombrosas, sem parar, sem falar, arrogância crescente, militante, messiânica, doente, cega, vertical, presumida, assumida, recalcada, anunciada, filtrada, justificada, dos bons, dos que salvam, dos que merecem, dos que sabem, sabem mais.
existe sempre um bom motivo pra continuar igual. existe sempre um bom motivo. pra sair do mesmo pantâno. pronta pra se maquiar, ressaltar, melhorar, esconder, sangrar bem na cara do filho da puta que você vai arrebentar. porque sua vida é um inferno feliz por expor. isso é sim uma espécie de guerra, quem sabe uma igreja de verdades absolutas e incontestadas. cinco aves, quatro pais, oito pulinhos, vinte frontais, doze frustrações depois e calma, fica calma, você estará devidamente perdoada, arrebentada.
cheirar hidrogênio, chorar surpresa, rir uivando, meter transparente, ignorar a causa, inflar o vento, antes de qualquer coisa. há lixos e há tudo, mesmo que seja necessário. a tua indulgente autopunição desafinada e disfarçada de parangolé é apenas a mesma casa. e você pega a arma com que te mataram e expõe na vitrine como um pedaço de carne.
processar talvez seja parar de gastar o tempo pra em seguida montar nele, submetendo-o imediatamente à ordem em que tua vida não acontece pra depois virar tudo do avesso em nome de um fluxo que te faz sorrir. se existe alguma coisa boa no medo é a coragem que surge dele. da tua própria força. bruta. a delicadeza é uma linha fina que surge entre dois corpos. a rudeza é a aspereza superficial que te impede de escorregar. lixe as unhas antes de comer, será preciso também tocar. sem instrumentos visíveis.
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