minha vó maria, paterna, de VR, distribuía saquinhos de doces variados pra crianças da vizinhança no cosme e damião qdo eu tb era bem criança. eu ficava fascinada com a preparação daqueles saquinhos, a atividade frenética da minha vó, a alegria, o suspense. não tinha zoeira, eu não podia pegar o q quisesse dos doces, podia pegar, mas sem maluquice. só q observar os saquinhos sendo construídos e distribuídos, e participar disso, era muito mais interessante! minha droga nunca foi o açúcar, embora curta um brigadeiro ou qq delícia açucarada na hora certa. nesse dia tb tinha arroz doce ou canjica ou cajuzinho ou tudo junto pq minha vó gostava de fartura, pizza com lasanha com carne assada com arroz com empadão com feijão com bife à milanesa, tudo q todos à mesa gostavam, tudo misturado pra agradar geral. e tudo delicioso. o portão da casa onde se distribuía os doces fica(va) na frente de um jardim lindo e pequeno q ela adorava cuidar. nele tb tinha hortênsias. viva são cosme e damião, viva os erês, vivam todas as nossas crianças!
preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
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