extra extra extra. terrestre. vende-se no momento 5 toneladas ou gigabytes de opinião. pra todos os gostos e tamanhos. tinha aquela jovem que passou toda a juventude tentando nunca deixar de ser jovem, até que morreu. havia esperança atrás da floresta, dizia enquanto gargalhava a vó: esperança é bicho, menina, porque gente esperando ou deixa a barba crescer ou esquece mesmo o que tava esperando ali. siga, nem que seja em frente. prefiro curvas e pretas bem executadas, vó, mas totalmente irregulares e desmesuradas. hoje seria a aula de subir escada, desisti e fui pro parque porque tem coisa que é melhor desistir ou melhor desapegar, depois de cinquenta e cinco mil quadrantes e anos de insistência. a vó dela, quando num núcleo vermelho, também dizia: menina você parece um elástico, estica no máximo, e isso demora, mas depois você arrebenta e num quer mais saber. seja um bambuzinho, querida. tinha cobra que morava no bambuzal, mas cobra também se estica, vira reta e chora e ri contigo, muita mais se for coral. o homem negro que guardava a casa, varria o vento e só entrava no mar até a linha do umbigo. de lá não passava. também não tinha mais interesse em nadar. naquele século irmão pleno de números pares, tinha escolhido só voar. como os cabelos das árvores e as gotas do olhar. por fim, recomendou ausências de ausências e até mesmo de fins porque nunca se sabe mesmo e pra emendar nua num dia: observa isso!
preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
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