eu tô usando uma técnica que é assim: quando a cabeça começa a ferver brabo indo lá praquele dark sidezinho double leg pessimismo medo nó nos peito, eu começo imediatamente a pensar numa sequência de coisas que são boas pra mim, não importa a ordem, não importa a duração, eu mergulhando no mar clarinho e gostoso, eu surfando nele apesar de não saber surfar, cachoeira com sol na pele na pedra, areia mole e branca e quente, pizza, sorvete, cheiro de mato, chuva quente na cara doce, sombra da árvore, curva do ombro, cheiro da boca, chopp, sorriseira de um monte de gente, gente, uma gargalhada, churrasco, sushi, sashimi, lago com verde em volta, gargalhada histérica no carro, e por aí vai. entenderam o conceito, né? aí você já respirou, já aprumou, já passou uma reguinha naquele condicionamento merda que cada um repete, já fez diferente, já sentiu outra coisa. beijo roma pizza cheirinho de mato gotículas na folha lente lentamente borboleta beijo chuva macia té já amora manga feijão praça
preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
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