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textículos / volume #2



bilola era o centro do seu mundo, um raríssimo caso de amor próprio de nascença, e por isso tudo que bilola fazia era legal, cool, beleza, principal e ótimo. bilola não precisava de ninguém, os outros é que precisavam de bilola e nunca vice-versa, mas apesar de todo esse sucesso estrondoso, bilola vivia um drama: o excesso de auto-estima, uma estranha e rara condição que acometia celebridades e cineastas do século vinte em diante. bilola ainda não era celebridade nem cineasta, mas era do século vinte. por isso, nos períodos de crise, foi orientada por seu médico a imitar tom cruise evitando principalmente espelhos, personal trainers e determinado tipo de pessoa. mas bilola era uma estrela num céu de escuridão e isso compensava tudo e ela sabia disso, sempre soube, e ainda sabia lavar e passar e chupar, por isso se segurou e sobreviveu bem, até terça-feira. o dia que voltou do salão, não se segurou e se amou demais. depois disso bilola foi pra um spa. e não se sabe como voltará, nem se voltará. a imprensa também não tem notícias. e não existe internet no spa. e isso será muito dificil.

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preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
pra tudo quanto é lado é uma porrada de gente querendo ser compreendida ao mesmo tempo que não tá nem um pouco afim de gastar o tempo necessário pra compreender ninguém, nem mesmo alguém que se acha importante demais pra ser visto, percebido por você, que já tá de saco suficientemente cheio de não ser compreendido por ninguém e por isso precisa antes de mais nada que te compreendam e é isso aí e foda-se porque só aí, eu vou poder te olhar. ter tempo de te olhar. você aí seu babaca, pode olhar pra mim agora. a ordem da compreensão é minha. o mundo é cão. e vai te dizer: quem é você? aí você vai renascer. esquece o cara que tava falando com você. senta. respira. fuma até um cigarro. fuma dois. e vai perceber que a parada que mais quer evitar no mundo é a rigidez e o medo. o medo do caralho que enfeia as vidas, as veias e as pessoas. o medo que machuca muita gente de morte. quero um tombo bem dado e sangrante. que doa de viver. que machuque de tesão. ...