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chuva de pingo grosso e cheiro forte. quente terra molhada trovão amplidão. teatro no céu. raio conforto flash. uma vela, fogo cheiro, som que chega bem depois. mesa de cabeceira cômoda naftalina. chá preto com açúcar. seus pais estão no futuro. algum futuro, eles dizem. e você naquela chuva gorda. presa naquela vida que é sua, mas não é exatamente aquela. e é boa também, mas tem saudade. café com pão e manteiga, arroz doce, hortênsia, garagem, mistério, cajuzinho, cosme e damião. coarar roupa branca no sol terreno baldio praça. ônibus feira manicure padaria. trovão misterioso, trovão maravilhoso. expectativa raio silêncio barulho cheiro gota chuva. perfume memória, instantâneo flash. azulejo verde, cama quente, banho, mangueira doce. mistério naquela garagem. poeira pó cadeado cofre entulho bagulho produto farmacêutico. uma meia água. uma escola na esquina. o vizinho que torra café. a buzina do leite. um jipe. uma ponte. um rio. uma varanda uma cobra falsa coral risos. espelho bonito. fogo na vela. gota e dança. rádio e tevê. trovão misterioso trovão maravilhoso. respiro bem fundo daqueles cheiros. terra suor cozinha enfim sonho. depois estio. bom dia vó hoje já é aquele futuro?   

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preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
pra tudo quanto é lado é uma porrada de gente querendo ser compreendida ao mesmo tempo que não tá nem um pouco afim de gastar o tempo necessário pra compreender ninguém, nem mesmo alguém que se acha importante demais pra ser visto, percebido por você, que já tá de saco suficientemente cheio de não ser compreendido por ninguém e por isso precisa antes de mais nada que te compreendam e é isso aí e foda-se porque só aí, eu vou poder te olhar. ter tempo de te olhar. você aí seu babaca, pode olhar pra mim agora. a ordem da compreensão é minha. o mundo é cão. e vai te dizer: quem é você? aí você vai renascer. esquece o cara que tava falando com você. senta. respira. fuma até um cigarro. fuma dois. e vai perceber que a parada que mais quer evitar no mundo é a rigidez e o medo. o medo do caralho que enfeia as vidas, as veias e as pessoas. o medo que machuca muita gente de morte. quero um tombo bem dado e sangrante. que doa de viver. que machuque de tesão. ...