chuva de pingo grosso e cheiro forte. quente terra molhada trovão
amplidão. teatro no céu. raio conforto flash. uma vela, fogo cheiro, som que
chega bem depois. mesa de cabeceira cômoda naftalina. chá preto com açúcar. seus
pais estão no futuro. algum futuro, eles dizem. e você naquela chuva gorda.
presa naquela vida que é sua, mas não é exatamente aquela. e é boa também, mas
tem saudade. café com pão e manteiga, arroz doce, hortênsia, garagem, mistério,
cajuzinho, cosme e damião. coarar roupa branca no sol terreno baldio praça. ônibus
feira manicure padaria. trovão misterioso, trovão maravilhoso. expectativa raio
silêncio barulho cheiro gota chuva. perfume memória, instantâneo flash. azulejo
verde, cama quente, banho, mangueira doce. mistério naquela garagem. poeira pó
cadeado cofre entulho bagulho produto farmacêutico. uma meia água. uma escola
na esquina. o vizinho que torra café. a buzina do leite. um jipe. uma ponte. um
rio. uma varanda uma cobra falsa coral risos. espelho bonito. fogo na vela. gota
e dança. rádio e tevê. trovão misterioso trovão maravilhoso. respiro bem fundo
daqueles cheiros. terra suor cozinha enfim sonho. depois estio. bom dia vó hoje
já é aquele futuro?
quando fotografo engulo ar minha pele faz fotossíntese basta um instante é possível ser viável me revolta a doença e a morte, mas não adianta de nada quando uma árvore toca o vento existe um movimento todo dia se nasce, se morre, se vive ler alberto caieiro até parar pra pensar o outono atabaques tocavam na porta do nascimento escreveu 30K como quem foge desejava acima de tudo a força do vácuo
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