Marcava o livro com um pacote de super sementes de salsa lisa, a original, sem defensivos.
Não era momento de pensar nas grandes coisas, mas concentrar-se nas minúsculas que estão sempre ali a esperar que você as veja.
Ontem encontrou um pombo morto e isso não quis dizer nada.
D lhe explicou que para lavar grandes quantidades de louça, melhor dividir em categorias: talheres, pratos, copos, tuperwares.
Na calçada, encolhida entre o meio fio e um carro, uma mulher de uniforme tira sua hora de almoço, um segundo de cada vez.
Retirou sua dignidade do bolso esquerdo e lançou no canteiro na esperança de algum nascimento.
O fruteiro da esquina está da cor das maças verdes e isso quer dizer que está morrendo. E mesmo assim lhe dá bom dia, todos os dias.
Um pé de mamão macho cresce na jardineira lateral. Dizem que seus frutos não se comem.
É difícil ficar lúcida.
Um dos homens que dá expediente no bar arrumou uma loura que agora bate ponto junto com ele. Lá se morre devagar, uma dose de cada vez.
Lutando pra ficar distraída.
Pensar demais lhe trava os maxilares.
Nesse momento, sorrir sempre porque costuma manter certas estruturas em seus não lugares.
Cair em conversas fiadas.
A vida é rastro, tecido tramado.
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