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Marcava o livro com um pacote de super sementes de salsa lisa, a original, sem defensivos. 
Não era momento de pensar nas grandes coisas, mas concentrar-se nas minúsculas que estão sempre ali a esperar que você as veja.
Ontem encontrou um pombo morto e isso não quis dizer nada.
D lhe explicou que para lavar grandes quantidades de louça, melhor dividir em categorias: talheres, pratos, copos, tuperwares.
Na calçada, encolhida entre o meio fio e um carro, uma mulher de uniforme tira sua hora de almoço, um segundo de cada vez.
Retirou sua dignidade do bolso esquerdo e lançou no canteiro na esperança de algum nascimento.
O fruteiro da esquina está da cor das maças verdes e isso quer dizer que está morrendo. E mesmo assim lhe dá bom dia, todos os dias. 
Um pé de mamão macho cresce na jardineira lateral. Dizem que seus frutos não se comem.
É difícil ficar lúcida.
Um dos homens que dá expediente no bar arrumou uma loura que agora bate ponto junto com ele. Lá se morre devagar, uma dose de cada vez.
Lutando pra ficar distraída. 
Pensar demais lhe trava os maxilares.
Nesse momento, sorrir sempre porque costuma manter certas estruturas em seus não lugares. 
Cair em conversas fiadas. 
A vida é rastro, tecido tramado.

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preciso de um tanto de realidade pra que eu possa me agarrar feito uma tabuinha de salvação de mentira e não simplesmente escorrer como agora entre as frestas e as pernas do que eu quero ser e do que efetivamente está guardado pra mim porque tem gente guardando pra você lugares que você não quer e você nem sabe disso. e uma das piores coisas é quando querem negar sua existência, fingir que você não existe, te isolar num lugar em que você não incomode o outro com suas dores e desejos. e daqui a pouco a mesma ação que te isolou aparece na sua frente em forma de mão querendo te comprar com uma migalha de existência e você tem fome mas sabe que agora é preciso recusar. esquálido o esqueleto faminto dança pra disfarçar a leveza e chora lágrimas escondidas onde ninguém é capaz de visitar. essas águas são feitas de tempo e corroem os horrores para além de algum lugar em que talvez seja possível regar. a violência é pura e bruta e brota de um sorriso com a facilidade com que quer te presentea...
pra tudo quanto é lado é uma porrada de gente querendo ser compreendida ao mesmo tempo que não tá nem um pouco afim de gastar o tempo necessário pra compreender ninguém, nem mesmo alguém que se acha importante demais pra ser visto, percebido por você, que já tá de saco suficientemente cheio de não ser compreendido por ninguém e por isso precisa antes de mais nada que te compreendam e é isso aí e foda-se porque só aí, eu vou poder te olhar. ter tempo de te olhar. você aí seu babaca, pode olhar pra mim agora. a ordem da compreensão é minha. o mundo é cão. e vai te dizer: quem é você? aí você vai renascer. esquece o cara que tava falando com você. senta. respira. fuma até um cigarro. fuma dois. e vai perceber que a parada que mais quer evitar no mundo é a rigidez e o medo. o medo do caralho que enfeia as vidas, as veias e as pessoas. o medo que machuca muita gente de morte. quero um tombo bem dado e sangrante. que doa de viver. que machuque de tesão. ...