ah, o brilho hipnótico e evanescente das luzes amarelas
(sim, a obsessão por elas)
que pingam de abajures, postes, tochas, velas
que pingam o tempo em franjas de vento
antiguidade
umidade na pedra
desnível na calçada
mato em terreno baldio
eco específico de passos
amarelo que irradia desejos pulsantes
pulsos dançantes
densidade no ar
mistérios plantados em frestas
igrejas vazias e silenciosas
padres sem sermão
história derramada das coisas
tempo que não se captura
apenas respira e exala flashes
concertos incontidos
valsas ao piano
relógios que marcam
uma presença delicada, dilatada e desconhecida
ponte que agora se projeta entre ontem e amanhã
espaço interpenetrado e corrente
coração que bate vermelho
toque de musgo
e a alegria de se perder
becos e avenidas
belezas e cicatrizes
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